Esta série de fotografias foi realizada com filme negativo p&b, 135mm, em Ouro Preto, Minas Gerais, focando nas sombras humanas projetadas em velhas paredes caiadas. Constitui um pequeno recorte no tema que me atrai há muitos anos.
A sombra é como a memória; vai com a gente aonde a gente vai. Insiste em nos acompanhar à frente, atrás, ao nosso lado. Em alguns momentos encanta, em outros incomoda. Obscurece-nos e nos reinventa. Na maioria das vezes, passa despercebida ou esquecida.
A sombra projetada, intrigante e instigante, nos redesenha em silhuetas nas paredes que construímos. Move-se conosco; pára, conversa, anda, mistura tudo e todos e se funde com as manchas do tempo nos confundindo. Deforma e transforma; alonga-se e retrai-se; nos recria em figuras e pensamentos incertos; insiste em não nos deixar. Finalmente, cansada, se esvai no jogo interminável da luz, obediente, para adiante ressurgir vigorosa.
Sombras, vestígios efêmeros da vida, diante do olhar fotográfico.
Alexandre Martins